Barrinhas

História da Comunidade de Barrinhas

Por volta do ano de 1961, chegaram os primeiros colonizadores da hoje conhecida comunidade de Barrinhas. A primeira família foi a de José Zanoni, em seguida chegou a família de Valentin Dall Bello, proveniente da cidade de Seara-SC. Os migrantes compraram as terras do morador Antônio Alberti, da comunidade vizinha de Vila Jardim, atual Jardinópolis. 

O colonizador Dall Bello comprou meia colônia de terra e repassou uma parte para formar a comunidade da época, pois não havia igreja, cemitério, escola e pavilhão. As pessoas ficavam a mercê das próprias casas. Os filhos não tinham um local para estudar, os pais precisavam construir um lugar em que fosse um ponto de referência para os encontros religiosos e festivos para os moradores da comunidade – que ainda não tinha nome. 

 No início da colonização, entre tantas dificuldades, destacava-se a ausência de um local para fazer as orações comunitárias e para confraternizar. Então, o primeiro ponto de encontro da localidade foi construído no ano de 1962. Os colonizadores decidiram fazer um barracão para rezar, jogar cartas e festejar. Como a comunidade não tinha recursos necessários, cada morador ajudou com o que pôde.  

Barrinhas: por que esse nome?

 Havia um riacho que cortava uma estrada, paralela ao rio pesqueiro. Nesse local, existia muito barro e alguns moradores precisavam passar, pois dependiam do comércio de Barra Grande, atual município de Irati. No início da década de 60, a ausência de uma igreja fazia com que parte dos colonizadores participassem e levassem os filhos para receber as consagrações religiosas na igreja de Barra Grande. A outra parte dos moradores participavam na igreja de Jardinópolis, local em que eram levados o milho, o arroz e o trigo no moinho. 

Com isso, as pessoas eram obrigadas a transitar pela conhecida barra ou barrinhas, local situado entre o Rio Pesqueiro e a estrada. Esses moradores que dependiam da comunidade de Barra Grande começaram a ser conhecidas ou citadas como pessoas da Barra ou da Barrinhas, localizada próxima à margem entre o Pesqueiro e a estrada, que era cortada por um riacho. A partir disso, a comunidade passou a se chamar Barrinhas. 

Educação

Na medida em que novos moradores foram habitando as terras de Barrinhas, precisou-se construir um local para educar as crianças da época. Com a madeira doada pelas pessoas da comunidade, levantou-se uma casa enorme no ano de 1964, com uma escada de vários degraus, onde os alunos iriam estudar. Entretanto, um problema surgiu com a demanda de alunos e a escola construída: quem seria o professor? Para lecionar na primeira escola da comunidade, foi escolhido o Sr. Antônio Revers, que trabalhava na agricultura, mas tinha capacidade intelectual e domínio sobre os alunos daquele tempo.

 O fato de existir alguns estudantes com idade avançada, fez com que a comunidade escolhesse um professor enérgico. No início, ele não recebia remuneração para lecionar, fazia para colaborar na educação dos filhos dos primeiros colonizadores. As pessoas que sucederam o professor Revers, foram Luís Dall Bello, filho do segundo morador da comunidade, Valentin Dall Bello, e a Srª. Irmã Bonetti.  

Como o número de estudantes havia aumentado e as crianças dos moradores da comunidade de Uru, pertencente ao atual município Sul Brasil, estavam estudando em Barrinhas, a infra-estrutura da escola não atendia mais a demanda. Para melhorar essas condições, os professores lecionavam em turnos alternados, buscando melhorar a transmissão das informações aos alunos, que estudavam nas séries iniciais, de 1ª a 4ª. 

Por volta do início dos anos 80, devido a distância próxima, algumas crianças que pertenciam a comunidade de Barrinhas foram estudar na comunidade de Lajeado São Pedro. 

Igreja 

O aspecto religioso era forte nos colonizadores, se encontravam na casa dos vizinhos para rezar o terço e outras orações. Quando conseguiam sintonizar, ouviam a missa no rádio. A devoção fez com que a primeira missa fosse celebrada no dia 15 de agosto de 1963, por um padre de São Lourenço do Oeste. Para esse dia, as pessoas da comunidade fizeram um coberto ao lado do primeiro pavilhão construído na época.

A comunidade de Barrinhas integrava a paróquia de Coronel Freitas, porém, recebia o atendimento dos padres de São Lourenço do Oeste. Antes de construir a primeira igreja a comunidade passava por um conflito, pois havia três lugares propostos pelos moradores para fazer o local de oração. No entanto, os moradores não entravam em um consenso e para conciliar a situação, o padre de São Lourenço deu a idéia de construir no lugar onde hoje existe a igreja, que ficava no meio dos três lugares onde queriam construir a primeira igreja. A intenção do padre foi unir a comunidade e impedir que novos conflitos surgissem. 

Dessa forma, no ano 1966, foi construída a primeira igreja da comunidade, que recebeu a ajuda de todos moradores de Barrinhas, que se prontificaram e doaram a madeira. Ressalta-se que parte dos gastos foram pagos com o lucro do bar comunitário e das festas. Após a construção da igreja, os padres da paróquia de Coronel Freitas começaram a atender os paroquianos de Barrinhas.  

Construção do 2º e 3º Clube 

Passaram-se 10 anos e a comunidade de Barrinhas estava crescendo, construíram uma escola, uma igreja e um pavilhão, este não atendia mais a demanda, pois o número de moradores havia aumentado. Por isso, eles optaram por construir um novo clube comunitário. 

No início da década de 70, foi desmanchado o local onde se reuniam para as festas e construíram um clube novo, com a medição de 7 metros de largura por 12 metros de comprimento. Para custear os investimentos, que para a comunidade eram altos, foram usados recursos provenientes dos lucros das festas e do bar comunitário. No ano seguinte, o pavilhão foi ampliado, aumentando a capacidade do local para as festas e bailes.

Na terceira década de existência da comunidade de Barrinhas, meados de 80, foi construído o terceiro e atual clube comunitário. Na construção desse espaço, utilizaram-se materiais de alvenaria, sendo a primeira comunidade do atual município de Jardinópolis a ter um clube feito a tijolo e a concreto. 

Santuário 

A Santa de devoção na comunidade de Barrinhas é Nossa Senhora da Salete. Foi escolhida padroeira da localidade, devido a devoção de um dos moradores. Antes de morar em Barrinhas, o Sr. Valentin Dall Bello moravam em Seara, local em que havia uma intensa devoção pela Santa e todo o ano era feita romaria. Quando Dall Bello cedeu uma parte da terra à comunidade, pediu que a padroeira fosse Nossa Senhora da Salete, pois ele tinha muita devoção e havia alcançado uma graça por intermédio da Santa. 

Para adquirir a primeira imagem, as mulheres dos colonizadores da época arrecadaram um dinheiro, com a venda de queijo, ovos e outros alimentos coloniais. A partir do momento no qual a comunidade obteve a imagem da Santa, começou a ser feita a novena, uma semana antes do dia 19 de setembro, e nesse dia era feita a procissão de Irati à Barrinhas, em homenagem ao dia de Nossa Senhora da Salete.  

Como a romaria se tornou conhecida na região, foi construído um santuário. Atualmente foi refeito o santuário, da padroeira dos agricultores. No município de Jardinópolis, a romaria é um marco a cada ano, pois aglutina pessoas de todas as cidades da região. Atualmente, a imagem sai de alguma comunidade da paróquia de Coronel Freitas e chega a Barrinhas em procissão. Centenas de pessoas fazem e pagam promessas e acompanham a Santa, caminhando até o santuário.