História

Jardinópolis, construída por um povo lutador

No final da década de 40, os primeiros colonizadores riograndenses, descendentes de italianos, começaram a chegar à região de Vila Jardim, atual Jardinópolis, e ocuparam as margens do rio Santo Antônio – santo que é padroeiro da cidade. Oriundos das localidades de Paim Filho e São João da Ortiga, os primeiros migrantes foram Ângelo Detoni e Amélio Piccinin, que vieram para Vila Jardim na metade de 1948. No ano seguinte, chegaram à região as famílias de Maurício Oselame e Antônio Alberti, da cidade de Bento Gonçalves. Já em 1951, migraram as famílias de Félix Kochinski, Antônio Moterle, Luiz Maria e Vitório Moterle. Eles buscavam encontrar no Oeste catarinense boas terras para plantar e cultivar a lavoura. Nas décadas de 60 e 70, as famílias de Osmar Pavam, Modesto Martinelli, Angelin Martinelli, Deonísio Maria, Balduíno Angonese e muitas outras, vieram morar em Vila Jardim, sendo provenientes dos municípios de Erechim, Casca e Antônio Prado-RS.

 Encontraram uma abundância de madeira e passaram a viver da extração da mata nativa e do plantio de grãos. A agricultura familiar, baseada na policultura, recebeu estímulo, por parte dos agricultores, desde o princípio da colonização. Como a exploração da mata não era suficiente para obter a alimentação necessária à sobrevivência das famílias, plantavam diversas culturas de cereais e criavam porcos, galinhas e gado de corte e leite.

Durante a viagem de colonização, os migrantes enfrentaram muita cerração e quando avistaram o verde da floresta, compararam o local a um grande jardim. Então, decidiram chamar o local de Vila Jardim, mudando anos depois para Jardinópolis.

De Chapecó até à comunidade de Roncador, no município de Coronel Freitas, os migrantes traziam a mudança com caminhão. Sendo que os 20 quilômetros até o Vila Jardim eram percorridos em cima de carroças nas trilhas mata adentro, conhecidas na região por picadas. Normalmente, os homens vinham primeiro para conhecerem o local em que iam morar e construir a casa, para depois buscar os integrantes da família. Ressalta-se que os colonizadores preferiam construir casas com “porão”, parte inferior da residência, onde eram curtidos os salames e os queijos e armazenada a produção de grãos.

Na viagem de colonização, os migrantes transportavam alguns animais como galinhas, porcos e, no mínimo, uma vaca para ordenhar o leite. Na mudança, as famílias traziam a menor quantidade de alimentos possível, como trigo, feijão, arroz, milho e açúcar. Entretanto, às vezes, não era o suficiente para saciar a fome de toda a família pelo período em que se esperava a colheita da primeira safra. Conforme relatos de migrantes, houve momentos nos quais os seus familiares passaram necessidades  por falta de alimentos.

O moinho mais próximo para moer o grão ficava em Coronel Freitas. Os agricultores da época percorriam os 34 quilômetros a cavalo. No início da colonização, a carne consumida era extraída da caça de animais silvestres e da pesca.

A marca da fé 

A tradição e a devoção em Deus e na Igreja Católica, fizeram com que os colonizadores se reunissem em casas de famílias para rezar o terço e celebrar a missa, quando o padre visitava a localidade. Durante toda a década de 50, os encontros religiosos aconteceram na casa de Antônio Alberti, no domingo, rezava-se o terço, conduzido por Ângelo Detoni. Na pequena comunidade, conhecida por Vila Jardim, havia somente um aparelho de rádio, que funcionava em Amplitude Modulada. Nos domingos em que sintonizavam a Rádio Chapecó, participavam da missa, escutando.  

A Paróquia responsável pela comunidade era de São Lourenço do Oeste, a 50 quilômetros de distância, e a primeira missa foi rezada em 22 de abril de 1951, por Frei Lucas, na casa de Félix Kochinski. O pároco se deslocava à Vila Jardim, três vezes por ano, e nas oportunidades realizava os batizados e os casamentos. No ano de 1963, a comunidade passou a integrar a Paróquia de São José, de Coronel Freitas.

 A primeira criança a nascer na localidade, após a vinda dos primeiros migrantes, foi Rosalino Detoni, em 4 de outubro de 1952, a mãe morreu no parto e o bebê três meses depois. Foram sepultados em um local improvisado. Anos mais tarde, a comunidade recebeu um terreno de Osmar Pavan, o local foi transformado no atual cemitério.

Construção da Capela e do Clube 

Uma das demonstrações de solidariedade e de companheirismo dos colonizadores pode ser identificada na construção da primeira Capela, no ano de 1954. O terreno foi doado pela colonizadora Sul Brasil, na época representada por Vitorino Alberti, irmão de Antônio Alberti. Para obter os recursos necessários, os colonizadores doaram à comunidade uma quantia de couro de animais silvestres que encheu uma carroça. A matéria-prima foi vendida para o curtume e resultou em um conto de réis, aplicado na construção da Igreja.

Com o local de devoção construído, foi realizada a primeira festa comunitária, no ano de 1955. Para assar o churrasco, um dos pratos tradicionais, desde a época até os dias atuais, foram queimadas a madeira que se encontrava nas redondezas da Igreja.

A partir da festa, os moradores sentiram a necessidade de construir um Clube, para realizar os encontros comunitários, como reuniões, bailes e festas. Porém, a ausência de recursos fez com que os colonizadores iniciassem a construção do clube uma década após a inauguração da primeira capela. A madeira, proveniente de árvores de araucária, “gabriuva” e angico, foi doada pelos moradores da localidade. A bela arquitetura do forro, que encanta quem entra no Clube, foi realizada por Angelin Capeletto.

O clube comunitário foi construído entre os anos de 1968/69. Ao ser inaugurado recebeu o nome de Esporte Clube Palmeiras, entidade a qual pertencia. Após alguns anos, foi doada para a comunidade católica de Jardinópolis.  

Capela atual

Passou-se 12 anos em que a primeira Capela havia sido construída, quando os colonizadores de Jardinópolis, decidiram construir uma nova igreja de madeira. O templo foi arquitetado por Severino Vicenzi, vindo na época de Erechim – RS, a convite do pároco de Chapecó, Antônio Massolini. O carpinteiro construiu 18 igrejas na Diocese, todas com as mesmas características: de madeira, duas torres e um forro arquitetado em formato de uma cruz.

A Capela em Jardinópolis se transformou em um local turístico do município, pela forma arquitetônica em que foi construída e por integrar a história da colonização da antiga comunidade de Vila Jardim. 

Primeiras Escolas

Os primeiros passos na área da educação das crianças da antiga Vila Jardim, foram dados no ano de 1955, com a vinda da primeira professora Jandira Santiam. Ela veio do município de Quilombo e era remunerada pela prefeitura de Chapecó, para lecionar na capela da comunidade de Vila Jardim, pois não havia escola na época.

Os alunos freqüentavam a aula no período matutino, dessa forma, as crianças de menor idade acompanhavam os maiores e, assim, acabavam estudando. No final da década de 50 e início de 60, o governo do Estado de Santa Catarina construiu a primeira escola de madeira, com uma sala. O terreno de 1.000 m² no qual foi construída a escola, foi doado pelo colonizador Vitório Alberti.

Embora o local para os alunos estudar fosse novo, não atendia a demanda. Por isso, parte dos estudantes precisaram ser remanejados para estudar na antiga capela, com as novas professoras Jabelita Marmentini e Cristina Fusqueira.

No final dos anos 60, foi construída uma nova escola com duas salas. Porém, como o número de alunos crescia e a comunidade de Vila Jardim havia se tornado 3º Distrito, passando a se chamar Jardinópolis, foi construída com recursos do Estado, por intermédio da prefeitura de Coronel Freitas, uma escola de alvenaria no ano de 1975. Foram feitas seis salas, que pudesse atender a todos os alunos da localidade de Jardinópolis. A escola foi chamada de Fazenda Triângulo, hoje intitulada Escola de Educação Básica Fazenda Triângulo.

Ao longo das décadas de 70 e 80 foram construídas sete escolas nas comunidades de Vila Jardim, Batovira, Barrinhas, Alto Jardinópolis, Lajeado São Pedro, Monte Belo e Rio Azul. No ano de 1998, a Secretaria de Educação fez a Nucleação das escolas do interior, levando todos os alunos para estudar na área urbana. Com a concentração de alunos na cidade, a Secretaria construiu parte da Escola Nucleada Municipal Castro Alves no ano de 1999 e em 2003 foi construída uma nova ala.

Da colonização a emancipação política-administrativa

 O processo histórico-político de Jardinópolis se iniciou com a vinda dos primeiros colonizadores, no ano de 1948. A partir desta data, o local que era habitado, esporadicamente, por índios das tribos Tupi Guarani e Kaigangs, passou a receber pessoas dispostas a transformar a região em uma Vila. A intenção dos migrantes passou a ser realizada com a nomeação do local de Vila Jardim e a construção de uma capela e um pavilhão.

Alguns anos se passaram e a Vila Jardim, seria intitulada de Jardinópolis, que se tornou 3º Distrito de Coronel Freitas, no ano de 1965. Época na qual foi desmembrado do 2º Distrito, que era a comunidade de Cairú, atual município de Águas Frias.  A idéia de substituir o nome de Vila Jardim por Jardinópolis foi do colonizador chamado Generino Ferrari.

Os anos em que Jardinópolis foi Distrito, a população sofreu com a ausência do Estado. O atendimento nas áreas de saúde, agricultura, infra-estrutura, educação era precário. Ficar doente era um problema gravíssimo, pois não havia Centro de Saúde e nem condução para levar até um centro médico os doentes. Ressalta-se que as estradas, existentes naquela época, eram precárias  e de difícil acesso.

Para a população, a situação começou a mudar, no dia 20 de março de 1992, quando, pela lei Nº 8.546, criou-se o município de Jardinópolis, sendo que a instalação oficial aconteceu no início de 1993. Com a Emancipação Político-Administrativo, os munícipes foram beneficiados com a melhora dos atendimentos em todas as áreas. Atualmente, o município vive um tempo de prosperidade, desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida da população.