Rio Azul
História da Comunidade de Rio Azul
Os primeiros migrantes rio-grandenses, de origem italiana, chegaram à localidade, conhecida atualmente, por Rio Azul, no ano de 1960. As três primeiras famílias foram de Guerino Besson, Égido Balen e Francisco Alessi. Logo, chegaram as famílias de Antônio Soletti, Vitório Soletti, Guerino Riboldi e João Riboldi. A picada usada para se chegar neste chão, foi pela atual Comunidade de Adolfo Konder União do Oeste, porque ainda não existia um acesso até a então Vila Jardim – hoje é o centro de Jardinópolis.
Ao chegar, os primeiros colonizadores encontraram diversos casebres, onde mais de 30 famílias de origem cabocla moravam, sem o título da terra. No primeiro momento, encontrava-se mata fechada, não existia nenhuma estrutura física como: escola, igreja, comércio e clube comunitário.
Inicialmente, os colonizadores se instalaram no ambiente onde, hoje, tem a propriedade de Divo Soletti. Na época, foi construído um galpão, o mesmo sobrevive há mais de seis décadas, o local foi usado pelo migrante Guerino Besson para comprar os produtos dos moradores de origem cabocla.
Razão de se chamar Rio Azul
Na comunidade percorre um riacho, as primeiras famílias dos colonizadores e os moradores de origem cabocla chamavam de Rio Parafuso. No ano de 1975, depois da chegada de mais famílias, entre elas (Benjamin Balen, Claudino Fuzinatto, Euclides Balen, Vitório Soletti), o nome foi alterado para Rio Azul, com a concordância dos moradores. Foi escolhido, pois a maior parte dos colonizadores vieram da Comunidade de Barra do Rio Azul, município de Aratiba Rio Grande do Sul.
Educação
Nos primeiros anos, as crianças dos colonizadores foram estudar em um galpão de madeira do senhor Vitório Soletti. Inicialmente, a primeira professora foi Oliva Zatti, depois começou a lecionar o professor Aldo Pedro Valenza. O proprietário fez uns bancos para acomodar os alunos e as lições eram feitas nas lousas de giz, recebidas da Prefeitura de Coronel Freitas. Algumas crianças acabavam indo para casa, porque não tinha espaço suficiente para se acomodar e nem lousas para todas.
No ano de 1978 foi construída a primeira escola, no espaço onde hoje ainda está alocada a estrutura de alvenaria da antiga escolinha. A madeira usada na construção foi transportada, por meio de carroça, pelo senhor João Riboldi, da serraria da família até o local.
Construção da fé
Os colonizadores praticavam a fé Católica Cristã. Ao se deparar com esta nova realidade, viver em meio à mata sem uma estrutura sólida de organização social, foram se adaptando àquela realidade. Inicialmente, eram rezados terços aos domingos à tarde no galpão da família de Vitório Soletti, no mesmo local em que aconteciam as aulas para as crianças. Passou o tempo e foi comprado um rádio à bateria, pela família de Vitório Soletti, o principal encontro da comunidade era ouvir a missa no domingo cedo.
No primeiro momento, frequentavam somente os colonizadores frequentavam as orações. Com o passar dos meses, famílias de origem cabocla começaram a participar dos encontros e o espaço ficou pequeno. Para resolver isso, foi solicitado para o prefeito de Coronel Freitas, Vitório Alberti, para construir uma Escola, o mesmo foi atendido, no ano de 1968. A doação do terreno foi feita pelo agricultor Martim Soletti. Doou uma área de 10 mil m² para a comunidade e mais 2.500 m² para a prefeitura de Coronel Freitas construir a escola.
A primeira catequista foi Iracema Soletti. Ela ensinava a fazer o Sinal da Cruz e a rezar o Pai Nosso. As primeiras crianças de Rio Azul foram batizadas na Comunidade de Adolfo Konder, as famílias se deslocavam de carroça ou caminhando.
Mais tarde, os padres Taciano e Cláudio começaram a frequentar à Comunidade de Rio Azul para celebrar missa, uma vez a cada seis meses. Na ocasião, faziam batizados, primeira eucaristia e crisma.
Conforme foi evoluindo o processo de desenvolvimento da Comunidade, as demandas foram surgindo. Uma delas foi a necessidade de destinar um espaço de área para enterrar os entes queridos. O terreno de 1.600m² foi doado em 1975 pela família de Benjamin Balen. A primeira pessoa a ser sepultada foi Carmelinda Valenza.
Os primeiros ministros da Comunidade foram Egídio Balen, Damião Valenza e Zefira Soletti, começaram a celebrar os cultos no ano de 1975. A opção por não construir uma Igreja, seguiu a orientação da época do Concílio Vaticano II, mais importante da estrutura física era a reunião entre as pessoas em comunidade. Por isso, se optou por construir um pavilhão com mais de uma utilidade: festas, reuniões, baile, celebrações, bar…
Convivência e construção do Clube
Com a construção da comunidade em andamento, os momentos de convivência começaram a se fazer necessário. As primeiras festas foram realizadas no galpão do senhor Vitório Soletti, nos arredores era cavado uma vala para assar a carne em espetos de madeira.
No início não eram servidas bebidas alcoólicas, porque não tinha. O roteiro da festa é parecido com as atuais. Uma oração de manhã, almoço e à tarde brincadeiras diversas, as crianças aproveitavam para se divertir.
Os colonizadores perceberam a necessidade de construir um ambiente comunitário, então reuniram tabuas serradas na serraria da família Riboldi, na própria comunidade, e a vontade humana para fazer a estrutura, no ano de 1968. O local serviu para acomodar as atividades da localidade, inclusive com um bar, para os encontros de final de semana e para vender fumo e doces.
Mais tarde, em 1975 começou a ser ventilada a ideia de construir um clube maior, finalizado em 1977. Foi pedido mil cruzeiro a cada sócio para ajudar com recursos e foi feito um empréstimo junto à Paróquia de Coronel Freitas. Os tijolos foram comprados na olaria da família Citadela em Coronel Freitas.
Um dos momentos históricos da Comunidade de Rio Azul e do atual município de Jardinópolis foi a ordenação do padre Claudino Balen, no dia 15 de dezembro de 1979, com a presença do bispo Dom José Gomes. O religioso é filho dos colonizadores Benjamin Balen e Alcida Bevilaqua Balen.
Padroeiro São Paulo
A escolha deste santo da Igreja Católica foi baseada em três razões: diversos colonizadores faziam aniversário no dia 25 de janeiro, já eram devotos de quando moravam no Rio Grande do Sul e esse santo era protetor contra as cobras. Os relatos contam que na Comunidade de Rio Azul encontrava-se bastante cobras.
Numa ocasião, o morador chamado Francisco Meira foi picado na mão por uma cobra, arrancando feijão, e acabou falecendo, à época. Por isso, distante de assistência médica e de medicamento, a fé ajudava a acalmar as pessoas, considerando que o trabalho era desenvolvido em contato direto com a terra e locais onde esses animais habitavam.
Serraria
No ano de 1964, os irmãos Guerino e José migraram de Casca-RS para instalar uma serraria na Comunidade de Rio Azul, anos mais tarde contaram com a ajuda do irmão João. Toda a madeira serrada nas propriedades locais era feita por esta serraria.
As máquinas eram movimentadas com energia gerada por uma caldeira. A mesma, juntamente com as ferramentas, foi trazida para a Comunidade de Rio Azul no ano de 1965.
A estrada era aberta a trator, até a Comunidade de Adolfo Konder. A parte do caminho à propriedade da família Riboldi, onde foi alocada a serraria, o caminhão percorreu em trecho aberto com a força de juntas de boi e arado. Quem pagou o investimento foi o pai dos colonizadores, senhor Antônio Riboldi. A serraria foi fechada no ano de 1985.