História da comunidade de Vila Jardim
Madeira! Madeira! Eis a primeira palavra dos migrantes da comunidade de São Lucas, que anos mais tarde veio a se chamar Vila Jardim. Os primeiros moradores foram os riograndenses do município de Lagoa Vermelha. Vieram no final da década de 40 e no início de 50, quando trouxeram as famílias. O primeiro colonizador foi Amélio Pixinin e na seqüência chegaram a Vila Jardim, Antônio Moterle, Ângelo Detoni, Pedro e Luís Maria, Ernesto Pedotti e Archimino Caprini.
Dentre as primeiras tarefas, estava a construção dos ranchos, antigas casas de madeiras. Mas para construir um local para morar era preciso derrubar árvores. Na época, era comum os colonizadores, descendentes de italianos, derrubar a mata nativa e atear fogo, para preparar o solo à plantação do grão.
Ângelo Detoni foi um dos primeiros moradores da Vila Jardim a comprar um pedaço de terra. O negócio foi feito com o empresário da época e posteriormente prefeito de Coronel Freitas, Vitório Alberti. Ressalta-se que os moradores do município citado anteriormente chamavam de forma pejorativa o povo de Jardinópolis e Vila Jardim de “Gente do Mato”, por morar afastado das cidades maiores daquele tempo.
De acordo com alguns colonizadores, os primeiros tempos foram difíceis, porque precisava desmatar, abrir as trilhas para passar com a carroça ou de cavalo e andar mais de 30 quilômetros para moer o trigo e o milho para obter a farinha. Os moradores da comunidade tinham três opções de comércio mais próximo, que se localizavam nos municípios de: Coronel Freitas, Quilombo e Modelo – lugares distantes.
Para dificultar mais a vida dos colonizadores, após colherem as primeiras safras passaram a sofrer com o baixo preço do produto e o alto preço do frete. Os colonizadores relatam que era normal deixar parte da produção de grãos apodrecer, pois não compensava levar até o comércio, não rendia lucros. Para muitos agricultores, a principal renda provinha da comercialização dos porcos, que eram transportados até Quilombo ou Coronel Freitas, onde as agroindústrias de Seara e Concórdia iam buscar para o abate, nas respectivas cidades.
A final qual é o nome da Comunidade?
Recém que os colonizadores chegaram à comunidade, chamaram-na de Batovira, pois no mapa era dado esse nome. Mas, perceberam que haviam cometido um equívoco e que, de acordo com o mapa, o local em que moravam se chamava São Lucas, nome dado ao riacho que passa na localidade.
Esta intitulação foi substituída no ano de 1975, no qual a antiga comunidade que recebia o nome de Vila Jardim, passou a se chamar Jardinópolis, 3º Distrito de Coronel Freitas. Foi nesta ocasião, que a comunidade de São Lucas recebeu o nome de Vila Jardim.
No início da década de 50, em decorrência do time de futebol foi criada uma confusão com o nome da comunidade. Formou-se um time de futebol de campo, mas estava sem nome. Então, o morador e atleta, João Pivotto, que veio da cidade de São João da Ortiga-RS, propôs, em homenagem a uma antiga comunidade do município natal, intitular o time de Água Verde.
A maior parte dos atletas da equipe aceitaram e o time passou a ser conhecido como Água Verde. Depois disso, muitas pessoas passaram a confundir o nome do time de futebol com o da comunidade, que é Vila Jardim
Religião
O trabalho norteava os colonizadores de Vila Jardim, que buscaram terras produtivas para o plantio, pois consideravam o solo gaúcho de baixa produtividade. Estas mesmas pessoas que batalhavam durante a semana, se encontravam aos domingos para confraternizar a oração. Nos primeiros anos, as pessoas de Vila Jardim iam até a comunidade de Jardinópolis, para fazer as orações.
Nos domingos, rezava-se o terço e quando o padre de São Lourenço do Oeste vinha, celebravam a missa na casa do Sr. Antônio Alberti. A intenção de Vila Jardim foi construir uma Igreja, no entanto, a comunidade passou a ser atendida pelos padres de Coronel Freitas e eles não permitiram que fosse construída.
A sugestão que deram aos moradores, foi construir um clube para rezar, fazer reuniões e encontros comunitários e as festas. Quando a proposta foi apresentada houve moradores que se sentiram contrariados. Na opinião deles, era estranho construir um local para rezar e também fazer festas. Entretanto, após negociação e diálogo, os colonizadores aceitaram seguir as propostas estabelecidas pelos padres.No ano de 1975, foram ordenados os primeiros ministros do 3º Distrito de Coronel Freitas, que era Jardinópolis. A partir daí, eles começaram a atender as comunidades menores. Água Verde foi uma das localidades que recebeu os ministros que celebravam o culto.
Construção do Clube
Com a definição de que seria construído um Clube Comunitário, a comunidade se precaveu de recursos financeiros, fazendo algumas festas e bailes. Uma parte do dinheiro para pagar alguns custos havia. A isso, veio se somar a ajuda dos moradores, que doaram árvores para obter a madeira necessária para fazer a obra.
À época, morava em Vila Jardim o Sr. Nélio Buzzato, que tinha uma cerraria e cerrou as árvores para a construção do Clube Comunitário. A partir do início dos anos 70, os moradores de Vila Jardim tinham um clube comunitário para realizar momentos de oração e de festas. Mais para o final da década, por volta de 1977, os moradores da localidade foram contemplados com a energia elétrica, sendo que a instalação era paga em parcelas.
Primeiros diretores comunitários
Archimino Caprini e Onélio Detoni e, na seqüência, assumiu a direção da comunidade de Vila Jardim, os Senhores Eugenio Gregolin e Moacir Caprini.